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Sem causa

Estamos sós
Tanta gente ao redor
Mas nada a celebrar
Perdemos tempo escondidos
Em solidão acompanhada
E não damos conta em notar
Que os dias passam sem cessar
Nos deixam mimados e absortos
Pedindo esmolas ao tempo, afoitos

Obter, conquistar, vencer
Auto ajuda para ganhar
Nosso troféu para admirar
A vida toda a correr
Consumir para mostrar
A solidão a se comprar

Esquecemos dos queridos amigos
Que versavam sobre o amor
Que bebiam alegrias
E cantavam contra a dor
Ouvir uma estória bem contada
Dar risada em toda prosa
Aplaudir boa piada
Brincar com a criançada

A fogueira a crepitar
Uma saudade que sentimos
Dos tempos que esquecemos
Dos amores que perdemos
Sob um céu
De mil estrelas a brilhar

Não se cultua a pobreza
Nem se admira a nobreza
Mas observar e perceber
Que a vida pode oferecer
Caminho novos a seguir
Apenas ser feliz
E na alma poder sorrir
E no modo simples de ser
Nunca mais se esquecer

 

Fernando Barone é um causo sem causa…

Lassidão

Aquele perfume invadia o peito
De onde se sentia o forte pulso
Que tribulava o pensamento
Tinha noção do quão intenso
Era entregar a boca ao beijo
Olhando aos olhos do desejo

Largou-se aos abraços sem rodeios
Sem ouvir da prudência seus conselhos
E na lassidão sobre seu seios
Viajou sereno em devaneios

Dançavam entre pétalas de lírios
Inspirando em verso seus amores
E em prosa seus delírios

 

Fernando Barone, um delírio.

Coragem de viver

Como se planejasse um prefácio
Parecendo estar no epílogo
Um breve receio de estar no hospício
Pois apostava estar em perigo
Porque nada sabia sobre a saudade
Que lhe embotava a sanidade

E qualquer lucidez era pálida
Nem longa nem firme
Toda emoção era gélida
O preâmbulo de um crime
De esquecimento fingido
Pois nada lhe trazia conforto
Não lhe curava ter o coração morto
Parecia um moribundo ferido
Tentando viver pelo tempo
Que lhe restasse pelo sangue escorrido

Piedade
Perdeu a dignidade
Não era mais suportável
No limite improvável
O capitulo final do covarde

Foi bom se ver no espelho
Uma vergonha encheu o peito
Coração rebelde lhe tira proveito
Arrebata e mostra o trilho
Que repõe vida em seu caminho
O pássaro não fica no ninho

Um pequeno calafrio
Angústia de um recomeço
A insegurança e o desafio
A vida cobra o preço
Daqueles com receio
De monta-la ao rodeio

Quem supera o medo
Alcança muito além do horizonte
Beija o Sol como um amante
E faz da Lua seu brinquedo
Domina a dor com esperança
Confia, luta, alcança
O sorriso alegre de criança

Experimenta a liberdade
Exemplo farto da vitória
Vive o amor de verdade
Nunca morre sua história
Um legado de felicidade
Eterna na memória

Fernando Barone, sai da caverna.

Medo do escuro

Beijos que eram úmidos
Mas repletos de temor
Abraços muito tímidos
E distantes do calor
Mas agora estão ardendo
De paixão e sem pudor

Afasta essa chama
Para longe de minha cama
Tenho medo do que sinto
Perco tudo o que seguro
Pois pressinto
Um mergulho no escuro

O suor de minha fronte
Vem salgar a minha boca
Olhos fixos no horizonte
Mas o vento sopra em popa
E me move adiante

A desejar um êxtase
Do seu corpo inebriante
Que derreta qualquer base
Me perverta em transe
Louco e radiante

Tempestades e temor
O luar e o esplendor
A tênue luz que lhe recorta
Escapa do breu a descoberta
Descortino seu mistério
Mesmo vindo do etéreo

Um perfume inspirador
Um toque sedutor
Um amante nos teus seios
Inspira no poeta os devaneios
Na pele em pele o tremor
Na alma, puro amor

 

Fernando Barone, confia!