Autor: fernando barone

Um acaso sem pretensão mas com muito a dizer

Oração a São Lázaro

! Milagroso São Lázaro, grande amigo de Jesus, valei-me nesta hora de aflição e doença. Preciso da vossa valiosa cura milagrosa, acredito na ajuda para vencer as lutas do dia a dia, e as forças malignas que procuram tirar-me a paz e saúde.

Oh! São Lázaro cheio de chagas, libertai-me das doenças infecciosas e contagiosas que querem contaminar meu corpo com enfermidade.

Oh! São Lázaro, ressuscitado por Cristo, iluminai os meus passos, a fim de que, por onde eu andar não encontre armadilhas ou empecilhos quaisquer. E guiado pela vossa luz me desvie de todas as emboscada preparadas pelos meus adversários.

Oh! São Lázaro, guardião das almas, estendei as vossas mãos agora mesmo sobre mim, livrando-me dos desastres, dos perigos contra a vida, da inveja e de todas as obras malignas.

Oh! São Lázaro, que comia as migalhas caídas da mesa dos ricos, abençoai minha família, o meu pão de cada dia, a minha casa, o meu trabalho, curando todas as doenças do corpo e espirituais, cobrindo-me com o véu da prosperidade do amor, da saúde e da felicidade. Que minha família se mantenha unida. Por Cristo Nosso Mestre, na força e Luz do Espírito Santo. Amém.”

Oração contra magia – São Cipriano

Eu, Cipriano, servo de Deus, a quem amo de todo o meu coração, corpo e alma, pesa-me por vos amar, desde o dia em que me destes o ser.

Porém, vós, meu Deus e meu Senhor, sempre vos lembrastes um dia, deste vosso servo Cipriano.

Agradeço-vos, meu Deus e meu Senhor, de todo o meu coração, os benefícios que de vós estou recebendo, pois agora, ó Deus das criaturas, dai-me força e fé para que eu possa desligar, tudo quanto tenho ligado, para o que invocarei, sempre o vosso santíssimo nome. Em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo, Amém.

Vós que viveis e reinais, por todos os séculos dos séculos. Amém.

É certo, Nosso Deus, que agora, sou vosso servo Cipriano, dizendo-vos: Deus, forte e poderoso, que morreis no grande cume, que é o céu, onde existe o Deus forte e santo, louvado sejais para sempre!

Vós, que vistes as malícias deste vosso servo Cipriano! E tais malícias, pelas quais eu fui metido, debaixo do poder do diabo, mas eu não conhecia vosso santo nome, ligava as mulheres, ligava as nuvens do céu, ligava as águas do mar, para que os pescadores não pudessem navegar para pescarem o peixe para sustento dos homens, pois pelas minhas malícias, minhas grandes maldades, ligava as mulheres prenhes, para que não pudessem parir, e todas estas cousas eu fazia em nome do demônio.

Agora, meu Deus, o torno a invocar para que sejam desfeitas e desligadas, as bruxarias e feitiçarias, da máquina ou do corpo desta criatura (fulano). Pois vos chamo, ó Deus poderoso, para que rompais, todos os ligamentos dos homens e das mulheres. Caia a chuva sobre a face da terra, para que de seu fruto, as mulheres tenham seus filhos; livre de qualquer ligamento que lhe tenha feito, desligue o mar, para que os pescadores possam pescar. Livre de qualquer perigo, desligue tudo quanto está ligado, nesta criatura do Senhor; seja desatada, desligada de qualquer forma que o esteja; eu a desligo, desalfineto, rasgo, calço e desfaço tudo, monecro ou monecra que esteja em algum poço ou levada, para secar esta criatura (fulano), pois todo o maldito diabo e tudo seja livre do mal e de todos os males ou maus feitos, feitiços, encantamentos ou superstições e artes diabólicas.

O senhor tudo destruiu e aniquilou: ó Deus dos altos céus seja glorificado e na terra, assim como por Manoel, é o nome de Deus poderoso. Assim como a pedra seca se abriu e lançou água, de quem beberam os filhos de Israel, assim ó Senhor poderoso, com a mão cheia de graça, livre este vosso servo (fulano) de todos os malefícios, feitiços, ligamentos, encantos e tudo que seja feito pelo diabo, ou seus servos, e assim que tiver esta oração, sobre si, e a trouxer consigo, ou tiver em casa, seja com ela, diante do paraíso terreal, do qual saíram quatro rios, cinqüenta e seis tigres eufrates, pelos quais mandaste deitar água a todo o mundo, por cujos vos suplico.

Senhor meu Jesus Cristo, filho de Maria Santíssima, a quem entristecer, ou maltratar pelo maldito maligno espírito, nenhum encantamento, nem maus feitos, não façam nem renovem cousa alguma, má contra este vosso servo (fulano), mas todas as cousas aqui mencionadas, sejam obtidas e anuladas, para a qual, eu, invoco as setenta e duas línguas que estão repartidas por todo o mundo e qualquer dos seus contrários sejam aniquilados as suas pesquisas pelos anjos, seja absoluto este vosso servo (fulano), com toda a sua casa e cousas que nela estão, sejam todos livres de todos os malefícios e feitiços pelo nome de Deus Padre, que nasceu sobre Jerusalém, por todos os anjos e santos e por todos os que servem, diante do paraíso, ou na presença do alto Deus Padre Todo Poderoso, para que o maldito diabo, não tenha poder de empecer, a pessoa alguma.

Qualquer pessoa que esta oração trouxer consigo, ou lhe for lida, ou onde estiver algum sinal do diabo, de dia ou de noite, por Deus, Jacques e Jacob, o inimigo maldito, seja expulso para fora; invoco a comunhão dos Santos Apóstolos, de Nosso Senhor Jesus Cristo, São Paulo, pelas orações das religiosas, pela formosura de Eva, pelo sacrifício de Abel, por Deus unido a Jesus, seu eterno Pai, pela castidade dos fiéis, pela bondade deles, pela fé em Abrahão, pela obediência de Nossa Senhora quando ela livrou a Deus, pela oração de Madalena, pela paciência de Moisés, sirva a oração de São José, para desfazer os encantamentos, Santos e Anjos valei-me, pelo sacrifício de São Jonas, pelas lágrimas de Jeremias, pela oração de Zacarias, pela profecia e por aqueles que não dormem de noite e estão sonhando com Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo profeta Daniel, pelas palavras dos Evangelistas, pela coroa que deu a Moisés, em línguas de fogo, pelos sermões que fizeram os Apóstolos, pelo nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo seu santo batismo, pela voz que foi ouvida do Padre Eterno, dizendo: “Este é meu filho escolhido e meu amado; deve-me muito apreço, porque toda a gente o teme, e porque fez abrandar o mar e fez dar frutos à terra”, pelos milagres dos anjos; que juntos a Ele estão, pelas virtudes dos Apóstolos, pela vinda do Espírito Santo que baixou sobre eles, pelas virtudes e nomes que nesta oração, estão pelo louvor de Deus, que fez todas as cousas pelo Pai (sinal da cruz), filho (sinal da cruz), Espírito Santo (sinal da cruz), (fulano), se está feita alguma feitiçaria, nos cabelos da cabeça, roupa do corpo, ou da cama, no calçado, ou em algodão, seda, linho ou lã, ou em cabelos de cristão, ou de mouro, ou de hereges, ou em osso de criatura humana, de aves ou de outro animal; ou de madeira; ou em livros, ou em sepulturas de cristão, ou em sepulturas de mouros, ou em fonte ou ponte, ou altar, ou rio, ou em casa, ou em paredes de cal, ou em campo, ou em lugares solitários, ou dentro das igrejas, ou repartimentos de rios, em casa feita de cera ou mármore, ou em figuras feitas de fazenda, ou em sapo ou saramantiga, ou bicha ou em bicho do mar ou do rio, ou do lameio, ou em comidas ou bebidas, ou em terra do pé esquerdo ou direito, ou em qualquer outra cousa em que se possa fazer feitiços.

Todas estas cousas sejam desfeitas e desligadas, deste servo (fulano) do Senhor, tanto as que eu, Cipriano, tenho feito, como as que têm feito, essas bruxas servas do demônio; isto tudo vale ao seu próprio ser, que dantes tinha ou em sua própria figura ou na que Deus criou.

Santo Agostinho e todos os santos e santas, por santo nome, que façam que todas as criaturas sejam livres do mal do demônio. Amém”.

Bom dia amor!

Mesmo que não sejas uma filha, pois que lhe desejo como amante, e que não represente meus laços de sangue, pois lhe elevo ao meu amor companheiro, cúmplice, lhe tendo em meus sonhos como se vivessem o presente, amo-lhe infinitamente como uma também. Não lhe transformo em casta, nem ao pedestal, posto que amantes vivem do sexo, e se namoram entre contos doces de princesas e batalhas nefastas contra o ego. Porém ainda existe um campo de girassóis neste quadro, que contém os traços de Monet e também os de Dalí… E neste campo se vislumbra o belo dentre formas quase inexplicáveis, e repousa um amor que beira a gratidão, que provoca um sorriso de alegria, que permanece numa eternidade. Que cuida e zela pela vida, pelo sorriso e pela oportunidade de crescer na alma a felicidade de estar ali, para acolher e suprir o coração do outro, quando ele se fere ou se deslumbra pela vida. Nenhum meio de explicar pela razão. Só percebo que eu seria, o que fosse preciso, para lhe dar asas, lhe dizer que estarei aqui para ajudar a encontrar o caminho da felicidade, da plenitude possível de sua força, de seu sonho, do seu mundo!

Mais conversadeiros no quintal

-É hoje!

-Alguma vez não foi? Sempre é hoje oras…

-Sempre foi não significa que sempre será… Mais uma para limpar a mesa! Vou raspar as fichas. Aposta?

-Se será não sei, não vivo lá…Sei o que foi, e já me basta.

-Não creio, você se apoderar do meu pensamento é desleal!

-Retórica vazia essa… até parece que não me conhece, não sou desleal, apenas adoro provocar, criar intensidade onde parece não existir motivo para que seja intenso.

-E porque faz isso então?

-Porque muitos debates interessantes surgem de conversas que pareciam desinteressantes. Só é preciso encontrar o veio de ouro de um pensamento relevante num tema que parece irrelevante.

-Ah tá… Não disse nada, continua a pergunta, porque?

-Começamos a falar sobre o tempo dentro de um diálogo de loucos, isso não se parece com o que tentei descrever?

-Tá, parece… Mas não achei que iríamos tão longe. Seríamos non sense até uma risada terminar com a sequência.

-Ahaaaa… Perfeito! Non sense, with all sense…

-Lá vem…

-Hahahaha, nada… Só responde: viver é passado, presente ou futuro?

-Um pouco de cada?

-Igual uma salada? Pode ser, mas não quis incluir memórias, nem expectativas, na definição do verbo viver. Seria ele conjugado no sentido objetivo, exercer, agir, sentir e decidir o próximo passo, o próximo, o próximo e assim vai…

-Mas aí não seria também “viver no sentido objetivo”, planejar seu futuro? Afinal sonhar é parte importante do viver… Ou me engano?

-Não se engana… Sim, é. Mas planejar é um ato presente. Parece que estamos lá na frente, mas na verdade é como uma equação de matemática financeira, trazendo tudo a valor presente. Fazemos o exercício de projeção, imaginamos cenários baseados em expectativas e referências históricas, e nestes exercícios parecemos misturar passado, presente e futuro, tudo junto. Mas não, trazemos tudo ao presente para que haja um denominador comum na fórmula…

-E qual seria esse denominador?

-Nosso “eu do presente”…

-Mas se eu quiser ser meu “eu do futuro”? Pensar como ele lá na frente?

-Boa, ficando cada vez mais desafiador…

-Você que começou!

-Foi…Mas vamos continuar. Vamos imaginar que você consegue projetar seu eu do futuro agora mesmo… Cria um cenário, imaginando um enredo e desfiando ele na sua imaginação, certo?

-Isso!

-Mas quem é que está criando tudo isso? Seu eu do presente. Tudo tem origem do seu agora. Até a forma de sonhar muda, você não consegue mais sonhar como sonhava antes da mesma forma que não consegue sonhar como você vai sonhar daqui um tempo. Podemos até manter os mesmos valores, crenças e modo de ver, mas as indeléveis marcas das experiências vão nos modificando ao longo do tempo e criando uma nova versão de si mesmo. Esse novo “update” modifica e adiciona novas programações obtidas pelo processamento de experiências passadas e presentes. E cada vez que faz isso, você pode se chamar com o mesmo nome, mas já vai colocando aí 2.0, 2.7, 3.0, 4.0…

-Não vale, me sinto como um Android instalado num smartphone… Péssimo isso!

-Hahahaha, foi só alusivo… Ajuda a tornar menos chata uma explicação.

Num piscar de olhos

Era um final de Janeiro, já passado o feriado de SP e o acaso nos colocou em contato novamente após muito tempo. Não sei exatamente o que move as pessoas a se conectar, talvez simpatia, saudade, curiosidade ou mesmo atração. Ou um pouco de tudo, inserindo aí o gosto pela novidade, descobrir algo desconhecido. Para mim isso sempre fez sentido, curioso por natureza, por DNA mesmo, sempre me disponho a experimentar.

O bate papo na rede social estava bom, matando nossa curiosidade, mas algo inesperado para mim aconteceu, acabamos marcando de nos vermos para happy hour, que deveria acabar por volta das 8 da noite. Ficamos papeando até às 3 da madrugada. Muito assunto, muita interação, bom humor, causos interessantes e o tempo voou. As horas se foram num piscar de olhos. Foi um dia incrível.

A partir dali nos falávamos praticamente todos os dias, eu sentia falta de saber dela e isso me fez pensar que eu estava atraído de verdade por ela. Havia muito receio de um relacionamento por parte dela, sentia que ao mesmo tempo que ela correspondia intensamente nas nossas conversas, havia uma resistência a qualquer indício ou sugestão de uma aproximação.

Mas as coisas mais importantes acontecem sem nenhum plano. Num dia especial que saímos juntos para uma festa aconteceu um beijo, e a partir dali só me lembro de ter piscado os olhos e acordar de um sonho aqui, nessa festa, prestes a receber uma benção tão especial.

Quebramos inúmeras barreiras, preconceitos e conselhos. Eles seguem a lógica, não são do reino da intuição, da essência, e assim não nos serviam, como não nos serve nada além da fé de que estamos vivendo um grande amor, que abraçamos os 8 segundos que nos foram oferecidos para abraçar o amor de casal, de família.

Sabemos que mais desafios virão, nosso amor tem que ser esplêndido, mas nossa gratidão ao Pai tem que ser maior. Afinal depois que o milagre aconteceu, tudo pareceu muito rápido, difícil, especial, maravilhoso e passar por tantos muros que nos colocaram no caminho nos fez mais fortes e conscientes do que sentimos um pelo outro. Por isso que sentimos que nossa história não tem lógica, mas tem muito sentimento, e um olhar bem forte para o futuro. Porque ele chegou num piscar de olhos, assim como é a vontade de Deus.

Meu sonho!

É como ver o sol por trás das montanhas no alvorecer…

É como chegar a superfície e respirar um ar que fazia falta lá no fundo…

Também é como saltar com paraquedas no vazio…

O medo sempre clama pela nossa prudência, nos faz retornar para as lembranças tristes, as decepções são como muros tão altos que acabamos por crer que amar é só um sonho…

Pois que seja! Um belo sonho, com um céu azul, com a brisa do mar, com o frio na barriga da queda livre… Livre!

Sonhar nos dá liberdade, nos concede a licença da felicidade instantânea, do sorriso fácil, do carinho sem timidez, imaginar dá cor a vida, perfuma o vento, nos faz voar…

Sonhar é a vida que deveria ser a nossa vida.

Então sim, o sonho e o amor se misturam, e nessa fusão, consomem a razão. Aquela chata que sempre nos aconselha a manter o pé atrás, a confiar desconfiando, a ver tudo como um jogo de poder, a ser covarde em nome da nossa paz.

Quem ama não quer paz, quer experimentar, conquistar um novo grau de alegria, de doação, de amizade, de cumplicidade, de vida. Quer expandir seu mundo, gritar eu te amo ao vento, dançar sem motivo, abraçar num impulso e beijar com paixão. Não quer olhar para trás, mas quer esquecer a chave da gaveta das tristezas, largar o baú das mágoas no fundo do mar. Quer viver um sonho de liberdade!

Eu acordei da vida para o sonho, eu inverti a lógica, aniquilando a dúvida. Eu acordei da vida para o sonho, não tenho mais medo, só imaginação e um sorriso no bolso do peito, pronto para usá-lo todo dia que te encontrar…

Trindade

-Uma vez eu me perguntei quais eram as três principais virtudes ao ser humano para que ele conseguisse a felicidade. O que você acha que seria preciso?

-Eita, que pergunta… Me pegou desprevenido, espera…

-Tenha seu tempo.

-Eu acho que amor, prosperidade e cerveja.

-Hahahaha! Excelente, vamos abrir uma gelada para ajudar a garganta falar. Essa Session IPA é um espetáculo, vamos aprecia-la?

-Já estou salivando.

-Gostei do seu elenco, mas eu pensei em ir mais fundo, elementos que fossem fundamentos tão poderosos que tudo o mais seria derivado deste ponto de onde eles se reúnem.

-Uma delícia mesmo, vou gravar o rótulo para não esquecer… Mas sobre os elementos, eu pensei logo no que me faz feliz, acredito que esses são imbatíveis.

-São uma escolha de elite mesmo, difícil ter argumentos para superar sua seleção. Mas como um ser inquieto, vou tentar…

-Desde que não acabe o estoque desta maravilhosa cerveja…

-Espero que seja suficiente, mas embriagados não teremos chance de terminar a conversa!

-Então não me deixe distraído, ou terminarei o estoque antes do que pensa.

-Amor e Prosperidade são de fato a busca de uma importante parcela dos seres humanos, eles depositam a felicidade em resultados externos, que podem ser alcançados através de suas escolhas e ações para completar o que pensam faltar neles. Concorda?

-Não sei, você que diz isso. Eu pergunto: porque seria externo se sou eu que amo a pessoa com quem vivo, amo meus filhos e alguns amigos chatos como você?

-Cheers! Sim, somos capazes de ter esse sentimento e ele nos trazer uma segurança de que temos a felicidade ao lado… Mas e a prosperidade? E a cerveja? A prosperidade é um resultado pessoal, e o outro, a cerveja, resultado do trabalho de terceiros, e mesmo que esse sabor que sentes, seja algo pessoal- e esta Session está realmente espetacular- a cerveja é um meio de conseguir um momento de prazer, que nos seja como um prêmio por todo esforço que dedicamos ao trabalho e aos relacionamentos, para que no fim, tudo esteja em equilíbrio. Mesmo a prosperidade nos serve assim, como uma paz de saber que temos o suficiente para viver e nos sobra para comprarmos mais um pouco de prazer em forma de roupas, jóias, viagens, sapatos e cervejas…

-Entendi, você acha que por mais particular que seja a experiência, ela sendo um prazer nos serve apenas como prêmio, que tem um caráter transitório, temporário mesmo, de se tornar um elemento de felicidade. Que ele cessando de ocorrer, esse prazer, estaremos de volta a triste realidade?

-Quase isso… Na verdade eu acredito que a felicidade é uma soma ininterrupta de eventos que nos trazem prazer, completude, satisfação, realização e retorno sentimental da energia que dedicamos em cada momento que estamos conscientes, mas que o mais fundamental é a base que ela se desenvolve dessa forma.

-Então me explica melhor… E abre outra que já sei que vou precisar…

-Boa pedida! Mas enquanto derramo esse néctar, vou tentando explicar partindo da seleção que fiz, assim ao invés de tentar apenas desqualificar sua seleção, vou tentar qualificar a minha. Se ela fizer sentido pra você, pode ser que essa conversa tenha sido duplamente proveitosa.

-Amigo, apesar da brincadeira da chatice, é sempre um prazer estar aqui, você é um dos meus momentos de felicidade…

-Você é uma figura admirável, realmente me faz pensar que sabe mais do que eu sobre o tema, mas me deixe falar antes de aumentar a graduação etílica do sangue… Eu penso que a pedra fundamental para a felicidade tem esses três elementos, fé, dignidade e honra. A princípio eu hesitei sobre eles, parecia mais um cavaleiro cruzado do que uma pessoa comum, mas destes elementos resolvi derivar e cheguei ao seguinte conceito: uma pessoa para amar, precisa ser digna, pois sendo ética, sábia e boa, consegue respeito, mesmo porque também respeita. Uma relação que possui respeito mútuo, ética e compreensão já começa bem demais. Sobre a honra, ela imputa valores semelhantes a dignidade, mas inclui a coragem, fator necessário para se tomar atitudes necessárias, sendo uma delas o reconhecimento de nossas fraquezas e nos fazer humildes quando preciso. E a fé, essa incompreendida palavra que se relaciona a religião quando na verdade é muito mais que isso. A fé é uma crença numa hipótese, muitas vezes algo que desejamos que seja verdade sem que se tenha total certeza. Sem dignidade e honra, a fé seria uma tolice, pois a direção da nossa crença poderia ser deturpada. Mas ela sendo originada de uma pessoa virtuosa e sábia, tem uma grande possibilidade de ter um valor inestimável. Penso na fé que se soma a coragem daqueles que tem honra carregam. Fé daqueles que não precisam usar ninguém de trampolim para serem alguém. Fé daqueles que não precisam humilhar, sugar, extorquir ou escravizar para terem poder, prazer ou conhecimento para conseguirem algo. Essa fé seria a crença de que existe o bem dentro de tanto egoísmo, maldade, sofrimento e dor, de que tudo é aprendizado, uma forja de caráter, para trazer o melhor de cada um dentro da escuridão destas miseráveis condições humanas. Quem tem essa fé ama sem medo, sem ciúmes, sem apego doentio, pois se ama e se respeita para ganhar respeito.

-Caramba, está empolgado… Até esqueci a cerveja esquentando no copo… Me deixa pensar… Você acredita que tudo o mais derive daí? Mas não entendi a correlação que debatemos no início, entre busca interna e externa… E não falamos sobre prosperidade, e muito menos sobre a cerveja. Talvez seja já um pouco de embriaguez.

-Empolgado de fato, embriagado ainda somente pelo pensamento… Olhe por esse ângulo, de que alguém que tenha essas três virtudes consegue se sentir realizado em todos os seus valores. Todo amor que sentir será completo, livre e com uma boa dose de desapego. Não que não ame, mas não toma o amor como posse, como exercício de poder, de controle para que tudo caminhe como se deseja. É como a fase em que os pais aprendem que os filhos são criados para baterem asas, que não precisam mais de controle, desde que tenham tido uma educação com mais virtudes do que vícios. Não que eu pense numa relação aberta, não mesmo, mas que seja uma relação em que ambos estão seguros do que sentem, mas principalmente do que são, inteiros juntos por um sentimento, não metades unidas por carência. E a prosperidade vem daí, dessa virtuosidade, sabedoria, confiança em si mesmo, dessa forma saudável de se relacionar com as pessoas, com o mundo…

-Uau, gostei disso… Abre mais uma porque agora eu acredito que a cerveja deve entrar nessa equação multiplicando… Elevando a décima potencia…

-Hahahaha excelente… Captou a idéia toda. Amo você amigo! Saúde!

-Agora me fala, como você acha que a pessoa vai ter prosperidade se for tão virtuosa assim, até os milionários mais caridosos, que falam sobre ética e ensinam a vencer na vida já tiveram seus deslizes morais e éticos…

-Eu sei da sua preocupação, também tenho minhas dúvidas. Mas daí é papo para quando tiver recuperado o estoque. Como ser virtuoso num mundo repleto de iniqüidade, deslealdade, desonestidade, principalmente nos negócios. É um paradigma que precisamos modificar. Mas te digo, não existe felicidade quando entramos nesse jogo, se for preciso passar o trator para crescer vamos ter que lidar com as consequências. Isso traz desequilíbrio, e nos coloca fora dessa trindade virtuosa. Talvez essa condição atual da humanidade seja o motivo de tanta infelicidade. E eu apenas quis apontar uma alternativa para mudar isso.

-Muito honrado de sua parte! Saúde! Obrigado, a próxima é por minha conta.

O Gentleman

-Eu tive esse sonho. Ele parecia tão real que fiquei impressionado.

-Bem ou mal?

-Mal

-Então conta logo…

-Como criar curiosidade, basta um tempero de coisas ruins, não?

-Ah fala logo, não cria celeumas…

-Eu estava vivendo no futuro… os smartphones eram super interativos, a inteligencia artificial neles era incrível e bastava estar rodeado de pessoas que eles pipocavam as ultimas ações delas nas redes sociais. Nada muito diferente do que temos hoje, fotos incríveis, bons momentos sendo postados, sorrisos por todo lado, as curtidas não eram mais somente um like, mas tinham uma classificação. Poderiam ser de um a cinco corações de gostei ou o mesmo para um “meia boca” com aquele smile que olha pra cima com a boca arqueada para baixo. Smile que não smile, sabe?

-Algo como o quanto gostou, não só gostou o não gostou, é isso?

-Isso… E assim todos tinham um rating social que os faziam importantes, ou medianos e até mesmo sem importância. Como se ali estivesse o valor da cada um frente ao circulo de relacionamento que podiam alcançar. Uma espécie de validação via rede social. E isso influenciava até nas relações comerciais e profissionais. Se não tivesse um bom rating seu trabalho poderia estar em risco, você não conseguia descontos em compras e serviços… Valia até para aplicações de  bootcamps e universidades. Sem um bom rating, nada feito.

-Nossa, que viagem… valia mais que sua experiência, ou competências? Que louco isso!

-Pensando bem, não achei tão estranho.

-Como não? A pessoa vale pelo que ela é, não pelo que parece ser… nesse modelo do sonho ela vale mais pelo modo como consegue impressionar os outros do que pelo que ela pode desempenhar ou mesmo como ela é de verdade num relacionamento olho no olho. Basta saber quais os gatilhos mentais acionar.

-Mas estamos falando de autenticidade, certo? De ser autentico, expressar o que gosta, o que não gosta, o que é bom, o que ainda falta desenvolver e até alguns defeitos e fraquezas que sabemos existirem, mas é ridículo expor… Estou certo?

-Está, mas onde quer chegar?

-No ponto que já fazemos isso de um modo socialmente aceito, mas que não está explícito, apenas subentendido.

-Me conta mais do sonho. A conversa está muito café filosófico…

-Eu estava angustiado, meu rating era bom, eu sentia que tinha potencial para chegar no máximo se me esforçasse. Mas cada vez que eu era autentico e expunha alguma coisa mais pessoal, qualquer coisa que não tivesse alguma conexão social padrão, que não envolvesse um sorriso, ou algo desejado pelas pessoas era o caos. Ou ninguém se interessava, ou recebia rating negativo. Algo do tipo… aquele smile atravessado me dizendo: cara, sério isso? Não seja um porre, porra! Não quero saber disso. 

-Então tinha uma regra subentendida do que era legal postar e o que não era, ou o que incomodava os outros?

-Isso… O supra sumo da conformidade! Não existia um caderno de regras, mas havia uma percepção muito clara do que era socialmente admirado por todos e coisas que eram comumente rejeitadas, e tudo que pudesse ser diferente estava numa zona cinzenta. E esta zona era o suficiente para chutar o balde do teu rating e te causar prejuízos reais ali. Imagina postar uma posição pessoal que não estivesse no streaming “happy mode”? Não havia uma só alma que tivesse coragem de postar o quanto estava triste e arrasado pela morte de alguém, precisava escrever um discurso positivo e dizer o quanto a morte te ensinou a ser forte, enfrentar a vida com coragem e blah blah blah… Mostrar fraqueza? humm, fora do streaming. Deu aro, bateu na trave, tocou na rede depois de cravar a bola antes da linha de três? Você está fora do jogo!

-Então não era um sonho, era pesadelo…

-Hehehe, de fato, me senti mal como disse…

-Será que chegaremos nesse ponto?

-Não me provoca, já falei que estamos quase lá atualmente e pra você o café já se encheu de filosofia…

-Hahahaha, tá bom, coloca mais açúcar então… Vamos falar disso.

– Muito difícil alguém se expor de verdade, estamos numa competição, os resultados falam mais alto, não importa como chegou, se foi com mérito ou sem, se foi sorte, lugar certo na hora certa, benefícios de uma boa rede de contatos, de berço, amigos com caneta na mão, nada importa, o que vale é o resultado. Nisso temos a cultura da programação neurolinguística, da inteligência emocional em ação. Somente os mais aptos e preparados podem colher vantagens, então mostrar fraqueza ou qualquer nível de ignorância sobre como ser positivo sempre, em qualquer aspecto, te leva ao limbo social. Numa perspectiva ampla, sim, precisamos colher algum resultado, é uma forma decente de valorar nossa evolução, mas existe um gap poderoso na forma, de como usamos os resultados, de como eles são validados.

-O que quer me dizer é que se faz o certo de maneira errada?

-Não seria tão taxativo, mas estamos no caminho disso.

-Me de um exemplo por favor.

-Vamos falar de algo prático que é realizado numa contratação profissional. O primeiro filtro é um currículo, uma foto, uma imagem do profissional em que ele tenta se expressar sinteticamente. Boa parte tenta vigorosamente ampliar a visão que se pode obter sobre si num papel. Uma pessoa com todos os seus processos de pensamento, habilidades de persuasão e de relacionamento interpessoal, perfil comportamental e mais uma lista de habilidades, só tem os seus resultados como prova. Já existe uma lacuna aí. Quem ele é hoje e quais resultados pode conseguir daqui pra frente? Não se sabe, apenas se infere pelo passado, e se já não tem muitos resultados o profissional é descartado em favor de outro com mais peso no seu passado. Não importa se ele está pronto para decolar, ele deveria ter decolado antes. Já se perde um potencial nisso. A segunda questão é o quanto os rótulos de peso, aqueles que se diferenciam pelo senso comum. A regra é que o profissional que estudou em Harvard tem mais valor que o que fez USP. São inferências relevantes, tem magnitude. Mas o que vemos no dia a dia são alguns sucessos esplendidos e alguns fracassos retumbantes, ou seja, a regra tem suas exceções e elas não são poucas. Entram então algumas explicações como fit cultural, perfil comportamental e mais medidas similares para ajudar na margem de erro. Entrevistas são feitas com pessoas especializadas nestas análises, e por mais que ajudem, ainda não se resolveu a questão. Mas existe uma resolução? Eu acredito que podemos mitigar os fracassos, mas não existe um modelo que resolva na raiz, ninguém é um diploma na parede, nem um currículo na pasta. Mais adiante, os relacionamentos pessoais também sofrem da mesma lacuna. não existe uma forma de definir o parceiro ideal, estamos sempre em mutação, inconstantes e insatisfeitos. Somos uma miscelânea de  sonhos e objetivos conflitantes, o que nos faz diferentes a cada período de tempo conforme evoluímos. Vemos os índices de separações crescer, mais pessoas querendo ser sozinhas… mas voltando ao profissional, vemos uma juventude entrando no mercado de trabalho cada vez mais confortável no seu próprio job rotation. Não tem muita lealdade ao poder de uma marca ou ao peso de um faturamento, eles são mais leais aos seus próprios valores.

-Isso ultrapassa o limite da cafeína por aqui… Temos um bom whiskey para acompanhar o pensamento?

-Jack Gentil?

-Of course!

-Preciso me agachar e minha lombar não ajuda… mas tem algo aqui…

-Hahaha não quero ouvir suas fraquezas, elas me enjoam. O que importa é o que vai trazer a mesa.

-Pois está mais certo do que pensa.

-Em que sentido?

-Vou lhe contar a história do Jack Daniels.

-Agora tem minha total atenção.

-Aprende-se muito como se formam os rótulos, e depois como a verdadeira história que se passa nos bastidores pode incrementar ainda mais o valor de algo que já se admira. Essa história a seguir pode ser a história da vida como ela ocorre hoje. Sentado?

-Com os ouvidos ligados e a boca sedenta… Pode servir por gentileza.

-O principal criador do Jack Daniels foi na verdade Nathan Green, um escravo que ajudou Daniel a desenvolver seus conhecimentos de destilaria quando Green ainda escravo trabalhou junto com Daniel para Dan Call. Após o fim da escravidão Green foi trabalhar com Daniel e teve a responsabilidade de ser o destilador mestre. Daniel nunca possuiu escravos e sempre falou abertamente sobre a importância de Nathan Green, mas isso nunca havia sido divulgado dessa forma. A história oficial remetia apenas a Daniel, mas isso mudou quando a verdadeira história foi revelada recentemente por uma mulher que lera sobre Nearest, na verdade Nathan, Green que havia ensinado Daniel a destilar enquanto ela estava de férias em Cingapura. Fawn Weaver, seu nome, ficou curiosa com a notícia, era escritora afro-americana e seu interesse pelo assunto a levou entrar fundo nisso quando em 2106 a empresa dona da destilaria, a Brown-Forman havia declarado que finalmente iria abraçar o legado de Nathan Green e enfatizar seu papel. Ela quis ver isso de perto, e foi para Lynchburg, Tennessee, a pequena cidade de pouco mais de 6 mil habitantes onde fica a Jack Daniel´s.  Lá fez uma extensa pesquisa e passou a saber mais da história da destilaria do que a própria empresa. Quando apresentou tudo a Mark McCallum head da destilaria, ele ficou estupefato, Green era o primeiro mestre destilador negro da história americana. E Daniel era então o segundo mestre destilador da Jack Daniels… Incrível não?

-Nossa, realmente incrível. Ainda mais saber que Daniel nunca escondeu o papel do Green nisso, mas que de alguma forma esqueceram dele, afinal deveria ser conveniente não ter um ex-escravo como símbolo da destilaria…

-Isso, ela declarou que os atuais gestores não tinham total domínio desses fatos, e quando ela apresentou toda a documentação e revelou a verdadeira história eles abraçaram a mesma e resolveram atualizar toda sua estrutura turística e os registros de sua linha do tempo dando a Green seu devido papel, não como coadjuvante, mas como protagonista. Eu acho que tudo isso veio no tempo certo, onde as pessoas estão mais conscientes e o preconceito está perdendo força. Essa história incrível só vem mostrar que existe muito mais por trás de um belo rótulo do que o marketing que o envolve. Muito do que ela descobriu em documentação veio através da tradição oral dos descendentes de Green, muitos dos quais ainda trabalham na destilaria.

-Isso me faz pensar… Que impacto teria a destilaria se sua história fosse relacionada ao Green desde o começo. Será que teria alcançado todo esse sucesso numa época que o racismo era muito forte?

-Nunca saberemos. Mas o que aprendemos é que existe muito talento desprezado por convenções sociais nem sempre inteligentes. depois de tanto tempo se está devolvendo o valor a quem mereceu de fato, sem desprezar a capacidade de Daniel de empreender. No resultado temos um belo whsiky para apreciar, mas existiu um gap enorme na valoração desse resultado que agora começa a ser recalculado devidamente. No final a história se resume num ganha ganha para todos, por mais cruel que tenha sido assim por muito tempo. A destilaria consegue resgatar seu passado, Green ganha seu devido reconhecimento e o público passa a admirar ainda mais todo o resultado dessa saga.

-Agora posso dizer deste Gentleman, que ele é ainda mais saboroso do que antes, pois o apreciarei junto com essa história toda. Nada pode ser mais interessante depois de ouvir isso, cria um clima que dá um up sensorial completo em cada gole.

-Mas não se esqueça que a história toda é muito interessante, mas a contei para me ajudar a ilustrar que um conceito sobre algo pode ser ótimo, mas sempre contem uma parcela ilusória a qual não percebemos, e essa não percepção pode ser revelada ou não. Essa imponderabilidade é que faz com que tudo que conhecemos pode ser questionado até que se tenha maior domínio sobre o que consumimos como verdades.

-Essa relativização incomoda. Afinal é muito mais confortável definir o que é certo, o que é bom em oposição ao que não é ou o que é errado. Essa fundamentação do que nos serve e do que não nos serve é um dos fundamentos de nossas escolhas, de nossas decisões. Viver nessa relatividade só causaria mais incertezas e menos ação. Não me parece saudável por mais que seja justo faze-lo.

-Sim, tomamos milhares de decisões todos os dias, algumas sem perceber, o que nos economiza energia. A tendencia é criar um padrão e segui-lo, mais assertivo, e adaptado a nos poupar e nos direcionar. A conformidade, e ela implica em possuir conhecimento passado, experiencias vividas, pode ser tanto uma boa solução quanto uma ilusão. 

-Está me dizendo que vivemos nos baseando em premissas erradas ou que as experiencias não nos servem como parâmetro?

-Não chega a tanto, apenas que seria ideal perceber quando um conceito é real ou vendido como tal, ou ter a capacidade de perceber a diferença entre uma experiencia que nos serve como referencia ou apenas vai nos fazer desperdiçar potencial de acerto. Quantas vezes um empresário ouviu que aquilo não daria certo, porque já foi tentado várias vezes e sempre deu errado, mas ele insistiu e deu certo? Ou que aquele relacionamento fracassaria e ele prosperou? Se tudo que já aconteceu na história da humanidade fosse regra, não haveriam regras. Ainda assim sempre tentamos criar um padrão, uma frase ou um postulado sobre algo, e vivemos desperdiçando chances por temer insistir em fazer diferente, e se por acaso fracassarmos? Quem tem coragem de parecer o idiota da vez até que prove estar certo? Isso é um crime contra a inovação, contra a criatividade, contra outros valores importantes que temos como humanos, o inconformismo, o espirito empreendedor, o desejo de se destacar, de se provar capaz. Bom, tem mais histórias para contar, mas acho que por hoje já temos o bastante.

-Sem dúvida! Talvez se nos prolongássemos você fosse me falar sobre o papel do storytelling para as marcas, ou fazer novas conexões entre paradigmas antigos e os disruptivos que vemos acossar a velha industria e seus mastodontes em extinção… Pensar que no fundo eu vim apenas para ver o amigo e tomar um café para saber as novidades.

-Essa parte, o meu sonho não vai conseguir extinguir, as relações humanas vão sofrer com as redes sociais, mas a velocidade das mudanças e do conhecimento vai acabar trazendo de volta o consumo de nicho mesmo num mercado global de fácil acesso. Algumas idas e vindas de comportamentos sociais serão estressadas, mas a tendencia é reumanizar as relações pessoais e de consumo. Eu acredito que voltaremos a ter mais conexões reais do que virtuais em algum momento do futuro.

-Tudo bem, mas vamos deixar para depois, quando a informação é muita acabamos por perder conhecimento. Por ora me contento em poder desfrutar deste Gentleman, presencialmente, aqui contigo.

-Cheers!

Então é Natal

Então é Natal, o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez

Parece pueril, básico. Parece até pergunta do Noel para a criançada, o que você fez, foi bom ou foi mau? Mas nada disso, temos uma mensagem interessante para pensar.

Dezembro causa uma excitação diferente nas pessoas, acaba o ano letivo, a despeito de algumas recuperações, termina o ano fiscal em muitas empresas, misturamos férias, verão, compras, viagens, celebrações e muitos planos. Vai chegando o final do mês e o Natal já nos faz cavar memórias, criar expectativas e aflora emoções que buscamos controlar o ano todo. Saudades de pessoas queridas, que estão perto mas distantes pela pressa voraz que nos consome, que estão longe, mas ficam perto virtual e carinhosamente, e aqueles que partiram e vivem somente na lembrança. Saudades de amores não realizados, planos desfeitos, de risadas interrompidas, abraços antigos, histórias que viraram a página antes do tempo desejado. Saudades até de projetos que não saíram do papel, se bem que papel é figurativo. E aí vira sonho, de retomar coisas interrompidas com um outro olhar, com mais otimismo, confiança e na crença de que todos estão mais abertos, receptivos, emotivos e empolgados por todo esse clima de confraternização. Talvez fosse bom que sim, que isso não fosse só um desejo, mas um clima generalizado e realmente fraterno. Não só nas relações pessoais, mas profissionais também, desempatar bons planos engavetados pois o ego estaria mais relaxado, menos agressivo, mais suscetível a boas idéias e menos ao ciúmes, inveja, inseguranças e afins. Talvez seja só um sonho de Natal, mas seria uma realidade tão boa…

As pessoas cantam essa e outras músicas, entram no clima, sorriem, se enchem de esperança e logo vem um pensamento de que aquilo é só um sonho, que ela está nesse clima, nessa vibração positiva, propositiva, mas muita gente não está. O mundo não tem essa vibe, nos acostumamos a subir muros e cavar fossos enquanto nos conectamos, são muitas histórias e experiências desagradáveis para nos alertar e prevenir. E aí entram as crianças do Papai Noel, perdemos a inocência com que todos, sem exceção, nascemos para uma cultura social cruel que criamos depois que amadurecemos. Justificamos, que o mundo é assim, que precisamos vencer e nos superar, que a competição é dura e só vencem os mais espertos ou esforçados. É isso, como podemos reclamar do que nós mesmos criamos?

Então para mim o Natal tem tudo a ver conosco quando crianças, esse mundo feliz, cooperativo, solidário, propositivo e mais acolhedor acaba se conectando com nossos ideais infantis e mais felizes. Talvez por isso temos essas oposições de sorrir e de chorar, um carrossel emocional intenso, porque confrontamos nosso mundo ideal com nosso mundo criado, e sem perceber, conflitamos o que desejamos com o resultado que temos. E nos sentimos péssimos com algumas memórias e situações ruins, para logo sonhar com tudo aquilo resolvido e encaixado para todos sorrirem. Talvez essa seja a magia do Natal, um sonho de um mundo melhor para se viver, com a pureza do coração da criança que já fomos. E dentro desse mundo que abrimos a janela não vemos tudo que sonhamos estar ali presente, até um certo desejo de imortalidade dos nossos maiores amores, que sabemos não ser possível.

Mesmo que se sinta o choque do que se tem confrontado com o que se buscava, permanece o sonho, a magia de que de alguma forma esse sonho ainda é possível. Então alguns decidem recuperar relações esquecidas, pedir perdão e ser perdoado, trazer os conflitos pequenos para seu devido tamanho. Se existe essa conexão, essa sintonia de ambos, a magia acontece. E esse se torna o verdadeiro sentido do Natal, nos preparar para recomeçar, pois logo em seguida vem o ano novo, que tem seu simbolismo de fim e recomeço. Sabemos que o tempo é continuo, subsequente a cada segundo, mas alguns rituais são relevantes para um pit stop para reabastecer a alma e trocar as rodas que desgastamos nessa corrida contra o tempo. Se existe algo muito relevante nesse sonho inocente, é que ele permite que tomemos a decisão de seguir como estamos ou replanejar as rotas que seguiremos. Isso pode ser apenas um lapso, ou não, depende do quanto queremos mudar. Do esforço que faremos para abandonar os hábitos e paradigmas que nos fizeram sentir inacabados, incompletos. E será um grande esforço, afinal mudar significa disciplina do novo sobre o antigo, e o antigo tem uma inércia poderosa. Então quem deve vencer? O trem que segue os trilhos ou os novos calçados que iniciarão uma nova versão de seguir em frente, com mais opções e flexibilidade?

Mudar o mundo é uma utopia. Sim e não, talvez se você mudar a maneira como enxerga a vida, já terá mudado, ao menos o seu mundo. E para que seu mundo não entre em colisão com o dos outros, seria mágico se todos conseguissem mudar juntos. Isso abriria possibilidades de conexão bem melhores, pois estamos falando de inúmeros valores positivos. Ainda parece utópico? Claro que pode ser, pois o conformismo é o principal muro que impede essa magia de acontecer.

Então a pergunta é: qual você prefere?

Feliz Natal e um ano novo cheio de magia, sucesso, solidariedade, parcerias, abundância, paz, alegria, perdão, amor e gratidão!

O Amor é…

Não existe nada mais simples do que o amor. Nos faz sorrir calados, quando não pensamos em nada mas olhamos para quem amamos ele se mostra assim, simples e forte. Esse é um sentimento realmente feliz, basta sentir, não avaliar, não duvidar, não temer errar, não condicionar nem mensurar. Basta fluir. Deixar fluir, livre. Se confunde mesmo com a liberdade. Nos liberta da mente traiçoeira.

Hoje eu posso olhar os olhos de alguém e sentir essa liberdade. Ele eleva seu existir. Nos tira das tensões do dia a dia, das incertezas da vida e das perguntas que não sabemos as respostas. Ele simplesmente existe em você como você pode existir nele. Basta fluir.

Ele sempre tem suas vitaminas, sem dúvidas, e elas são fáceis de tomar. Aquela mão que lhe é estendida, aquele abraço que te contagia e faz sentir o calor da vida. A atenção que recebemos sem precisar pedir. O carinho que se troca como um impulso sem razão. Os beijos que se expressam no coração.

Ele também é cultivado. Através do sentimento de gratidão e alegria que levamos no peito por senti-lo. No cuidado que temos com quem amamos, mesmo quando é preciso dizer o que temos medo de falar, por temer machucar, mas conscientes de que falamos para jogar luz nas incertezas. Nas trocas de experiências quando desejamos dar força a quem amamos. No acolhimento que oferecemos quando só se precisa de um abraço.

Não precisamos pensar no que fazer para dizer que ama, apenas agimos pelo coração. Não precisamos dizer que sentimos saudades, ela é presente como o elo que estica e contrai quando estamos longe ou perto. Estando longe, o pensamento vai buscar, perto, podemos ir longe. Uma conexão invisível aos olhos, mas nítida no coração.

A soma de nossos sonhos, adaptados ao estar juntos. A multiplicação de nossa visão, de nosso querer, de todos os planos, de todos os sorrisos, de todos os abraços. A divisão de nossas angustias, a subtração de nossas incertezas. E cada vez mais o tempo eleva a potência de tudo. Não é matemática, mas usa dela para crescer exponencialmente.

Então deixarei fluir. Sei que a semente já cresceu e está buscando o sol para fincar suas raízes com mais profundidade, e quanto mais a chuva vier, mais teremos água para espalhar nossas flores que serão as cores que queremos para decorar os quintais da nossas almas.