Então é Natal

Então é Natal, o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez

Parece pueril, básico. Parece até pergunta do Noel para a criançada, o que você fez, foi bom ou foi mau? Mas nada disso, temos uma mensagem interessante para pensar.

Dezembro causa uma excitação diferente nas pessoas, acaba o ano letivo, a despeito de algumas recuperações, termina o ano fiscal em muitas empresas, misturamos férias, verão, compras, viagens, celebrações e muitos planos. Vai chegando o final do mês e o Natal já nos faz cavar memórias, criar expectativas e aflora emoções que buscamos controlar o ano todo. Saudades de pessoas queridas, que estão perto mas distantes pela pressa voraz que nos consome, que estão longe, mas ficam perto virtual e carinhosamente, e aqueles que partiram e vivem somente na lembrança. Saudades de amores não realizados, planos desfeitos, de risadas interrompidas, abraços antigos, histórias que viraram a página antes do tempo desejado. Saudades até de projetos que não saíram do papel, se bem que papel é figurativo. E aí vira sonho, de retomar coisas interrompidas com um outro olhar, com mais otimismo, confiança e na crença de que todos estão mais abertos, receptivos, emotivos e empolgados por todo esse clima de confraternização. Talvez fosse bom que sim, que isso não fosse só um desejo, mas um clima generalizado e realmente fraterno. Não só nas relações pessoais, mas profissionais também, desempatar bons planos engavetados pois o ego estaria mais relaxado, menos agressivo, mais suscetível a boas idéias e menos ao ciúmes, inveja, inseguranças e afins. Talvez seja só um sonho de Natal, mas seria uma realidade tão boa…

As pessoas cantam essa e outras músicas, entram no clima, sorriem, se enchem de esperança e logo vem um pensamento de que aquilo é só um sonho, que ela está nesse clima, nessa vibração positiva, propositiva, mas muita gente não está. O mundo não tem essa vibe, nos acostumamos a subir muros e cavar fossos enquanto nos conectamos, são muitas histórias e experiências desagradáveis para nos alertar e prevenir. E aí entram as crianças do Papai Noel, perdemos a inocência com que todos, sem exceção, nascemos para uma cultura social cruel que criamos depois que amadurecemos. Justificamos, que o mundo é assim, que precisamos vencer e nos superar, que a competição é dura e só vencem os mais espertos ou esforçados. É isso, como podemos reclamar do que nós mesmos criamos?

Então para mim o Natal tem tudo a ver conosco quando crianças, esse mundo feliz, cooperativo, solidário, propositivo e mais acolhedor acaba se conectando com nossos ideais infantis e mais felizes. Talvez por isso temos essas oposições de sorrir e de chorar, um carrossel emocional intenso, porque confrontamos nosso mundo ideal com nosso mundo criado, e sem perceber, conflitamos o que desejamos com o resultado que temos. E nos sentimos péssimos com algumas memórias e situações ruins, para logo sonhar com tudo aquilo resolvido e encaixado para todos sorrirem. Talvez essa seja a magia do Natal, um sonho de um mundo melhor para se viver, com a pureza do coração da criança que já fomos. E dentro desse mundo que abrimos a janela não vemos tudo que sonhamos estar ali presente, até um certo desejo de imortalidade dos nossos maiores amores, que sabemos não ser possível.

Mesmo que se sinta o choque do que se tem confrontado com o que se buscava, permanece o sonho, a magia de que de alguma forma esse sonho ainda é possível. Então alguns decidem recuperar relações esquecidas, pedir perdão e ser perdoado, trazer os conflitos pequenos para seu devido tamanho. Se existe essa conexão, essa sintonia de ambos, a magia acontece. E esse se torna o verdadeiro sentido do Natal, nos preparar para recomeçar, pois logo em seguida vem o ano novo, que tem seu simbolismo de fim e recomeço. Sabemos que o tempo é continuo, subsequente a cada segundo, mas alguns rituais são relevantes para um pit stop para reabastecer a alma e trocar as rodas que desgastamos nessa corrida contra o tempo. Se existe algo muito relevante nesse sonho inocente, é que ele permite que tomemos a decisão de seguir como estamos ou replanejar as rotas que seguiremos. Isso pode ser apenas um lapso, ou não, depende do quanto queremos mudar. Do esforço que faremos para abandonar os hábitos e paradigmas que nos fizeram sentir inacabados, incompletos. E será um grande esforço, afinal mudar significa disciplina do novo sobre o antigo, e o antigo tem uma inércia poderosa. Então quem deve vencer? O trem que segue os trilhos ou os novos calçados que iniciarão uma nova versão de seguir em frente, com mais opções e flexibilidade?

Mudar o mundo é uma utopia. Sim e não, talvez se você mudar a maneira como enxerga a vida, já terá mudado, ao menos o seu mundo. E para que seu mundo não entre em colisão com o dos outros, seria mágico se todos conseguissem mudar juntos. Isso abriria possibilidades de conexão bem melhores, pois estamos falando de inúmeros valores positivos. Ainda parece utópico? Claro que pode ser, pois o conformismo é o principal muro que impede essa magia de acontecer.

Então a pergunta é: qual você prefere?

Feliz Natal e um ano novo cheio de magia, sucesso, solidariedade, parcerias, abundância, paz, alegria, perdão, amor e gratidão!

2 comentários sobre “Então é Natal

  1. Parabéns Fernando, pelas sábias palavras, desejo a você e sua linda família, seus filhos, sua mãe uma maravilha de Natal e que 2919:seja repleto de realizações e saúde!!!! Bjsss

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